E se ? Conto erótico enviado por seguidora .
Gabriela pulsa por todas as coisas que faz. Ela tem trinta e poucos anos e é ambiciosa. Almeja ser uma profissional do áudio visual. Possui sua bissexualidade escondida. Pulsa em sua completa paixão platônica por Ângelo e acumula um tesão por ele a mais de um ano. Diariamente, ela sai pela noite de São Paulo e leva para casa pessoas que supram o vazio guardado por ela ao intenso desejo que consome pelo professor.
Ângelo pulsa por todas as coisas que faz. É um homem de meia idade, seus olhos são claros e sua boca rosada. Possui sua bissexualidade assumida e adora sua profissão. Ele é casado há alguns anos com uma mulher de beleza poética. Se ama por completo e talvez por isso atraia mulheres solitárias como Gabriela, que também se ama, mas ainda não sabe disso.
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Gabriela chega ao endereço marcado 20 minutos antes do previsto. Se identifica na portaria e sobe o elevador sem muita expectativa. O prédio moderno é composto por paredes coloridas. A porta número 500 está entreaberta, ela bate, ninguém responde e depois entra. O espaço é amplo e moderno com uma mesa extensa de vidro, seguida de um local pequeno para se servir de café e afins. Uma estante alta de madeira compõe o visual com diversos livros sobre arte, cinema, literatura e poesia. Ela observa alguns pufs, mas não se senta. Não vê Ângelo, mas já o sente e curte isso por alguns segundos. O perfume singular exalado por ele é algo sublime, algo que merece ser contemplado em algum instante da vida de qualquer pessoa. Não é um perfume encontrado em cada esquina da cidade. É um perfume que foge ao cotidiano alinhado ao cheiro próprio que Ângelo tem. Gabriela saboreia a voz do professor conversando no mezanino. O sotaque nordestino de Ângelo ecoa na cabeça apaixonada de Gabriela e sua barba grisalha se move lentamente quando fala ao telefone com alguém sobre os futuros projetos. Ele que antes não a percebeu, a encontra olhando para o horizonte.
Ângelo se aproxima de Gabriela com um sorriso largo e cheio de receptividade. A impressão dada é que talvez pudessem transar ali mesmo naquele instante. Por que não?
Os dois se cumprimentam com um selinho demorado e ela procura entender do que realmente aquilo se trata. Ângelo a convida para subir, mas permanece em baixo e faz um telefonema. Gabriela sobe ao mezanino e se acomoda no sofá confortável. Silencia o celular e prefere se voltar para seus pensamentos. Ela imagina Ângelo aos beijos com qualquer pessoa que está no telefone ou mesmo com sua mulher, depois se imagina aos beijos com ele e assim segue a vida como tem feito nos últimos dias. Ela se levanta e vai explorar os livros disponíveis, se entretém com um de fotografia. O nu a atrai. Os sapatos autênticos de Ângelo sobem as escadas e ele encara Gabriela de costas. Sem rodeios, pega em sua cintura fina, passa a mão em seus cabelos curtos. Os olhos dela brilham enquanto olham pra Ângelo que passa a língua em seus lábios. Ele sussurra no ouvido esquerdo de Gabriela:
- Posso responder a sua pergunta agora?
Gabriela sabe da pergunta. A pergunta chave, a pergunta D, a pergunta que precisa ser decifrada, pois talvez ambos pudessem se devorar ali mesmo. Ela parece não acreditar que aquilo finalmente está acontecendo. Responde sem hesitação:
- Pode!
Ângelo pega nas coxas de Gabriela, as aperta e centraliza seu corpo entre suas pernas. Sua camisa branca dá contraste com o vestido amarelo de Gabriela. Ela para por um instante e explora o rosto de Ângelo, passa a mão no seu cavanhaque, abre seus olhos claros, deixa que ele a olhe bem, começa a beijar suas bochechas rosadas, cheira seu pescoço, inspira bem aquele cheiro, se segura em Ângelo e abaixa a cabeça pra tentar guardar aquele momento pra sempre. Ele aproveita e cheira Gabriela começando pelos cabelos, descendo pelo pescoço e chega ao colo, Passa a língua no rosto de Gabriela e assim os dois encostam seus lábios um no outro e mantém seus olhos bem abertos. Os dois em incrível sintonia e desejo finalmente dão o beijo que tanto queriam. O beijo mais delicioso, mais saboroso e mais demorado de todos os tempos, porque ele duraria pra sempre. Gabriela surpreendida, porque achava que Ângelo nada tinha por ela e Ângelo totalmente entregue, pois sabia que aquilo não aconteceria mais. Uma comunicação mágica e por telepatia se inicia desde então.
– Sempre! Sempre fui louco por você. Você me desconcentra. – Diz ele a ela e a si próprio dando boas vindas as suas pulsões. Gabriela solicita então que Ângelo mostre a tua loucura.
- Ah menina... Eu te mostro tudo o que o mundo tem pra te mostrar. – Diz Ângelo com todo amor próprio que pode haver nessa vida.
- Se você colocar a mão dentro da minha calcinha agora vai ver toda a loucura acumulada que uma mulher pode carregar e tudo que o mundo tem pra mostrar.
Ângelo afasta a calcinha de Gabriela e coloca dois dedos em sua vulva molhada dizendo que há todo um universo para ser explorado. Ele sente todo o desejo, expectativa, paixão, envolvimento e afeto daquela mulher totalmente aberta pra si mesma e pra ele. Gabriela da um beijo lento em Ângelo e ele passa seus dedos molhados na boca da aluna. Todo o conteúdo estava sendo aprendido na prática, pois tudo que Gabriela imaginou durante as aulas estava se concretizando. Ângelo tenta desabotoar todos os botões de sua camisa, mas se interrompe ao parar pra beijar Gabriela. Ela por sua vez, desabotoa o cinto e deixa a calça do professor entreaberta. Ele tira o vestido de Gabriela e observa seu corpo com calma. Analisa não todas, mas algumas de suas tatuagens. São muitas! Flerta com as flores tatuadas em sua perna esquerda e começa a beijá-las até chegar nas partes íntimas. Tira a calçinha da aluna e faz sexo oral nela. Um sexo oral insubstituível, porque nunca mais ia se repetir, mas duraria pra sempre pelo afeto e pela lembrança daquele momento ímpar. Ângelo e Gabriela sabiam disso, sabiam que aquilo teria que ser vivido com toda a paixão que alguém pode guardar nessa vida. E a paixão era reproduzida com o corpo de Gabriela através dos gozos que ela teve quando Ângelo chupava sua vagina. Lembrou-se das aulas, de todas. Em todas absolutamente, Gabriela tinha orgasmos. Olhava os sapatos autênticos, as roupas previsíveis e os belos olhos de Ângelo. O professor mergulha como o profundo que há no gozo da aluna ainda com a boca entre suas pernas.
Gabriela pergunta ao mestre que nota ela tiraria naquela ocasião enquanto ele descansa sobre o corpo dela e roça seu nariz entre seus seios ainda vestidos. Ângelo responde com um olhar risonho, mas deixa de lado a afetuosidade, morde os próprios lábios se voltando apenas para suas pulsões e olha Gabriela da mesma forma de quando a viu de cabelos curtos pela primeira vez. O professor levanta a cabeça e a boca molhada pelo gozo de Gabriela se emenda aos seios fartos...
- Sou todo seu agora. – Ele diz com a boca molhada pelo gozo de Gabriela.
- Então esse momento é todo seu. – Diz Gabriela ainda anestesiada pelo gozo, mas com um súbito de razão.
- Gabriela, eu sou todo seu nesse momento. – Insiste Ângelo.
Um respiro profundo da aluna, seguido de um pequeno silêncio do professor paira no ar, mas ela continua:
- Ângelo, se você é todo meu nesse momento, então você é todo seu. Desconheço tamanha obediência da essência.
- De onde você tira inspiração pra lembrar conteúdo da aula de forma poética assim na hora de uma trepada?
- Digamos que eu me inspirei num roteirista que eu gosto muito.
- Ah é? E qual o nome dele?
A menina e a mulher em Gabriela entram num consenso e ela responde com um sorriso orgulhoso do poema que escreveu:
- Ah...Eu não me lembro agora, eu só sei que ele usa roupas previsíveis e sapatos autênticos.
Sorrisos são dados ao mesmo tempo pelos dois. Gabriela e Ângelo se beijam inesgotavelmente e ela tem um flash na cabeça. Lembra-se de algumas pessoas com quem esteve pra suprir a falta de Ângelo. Como os dois primos que conheceu numa balada carnavalesca e depois da transa a três. Gabriela sentou-se em sua poltrona em frente a cama, que apelidou de poltrona de lei, pois nunca julga a tudo que vê e escuta. Um deles contou que matou a mulher em um acidente de carro por estar embriagado. Enquanto o primo o consolava, ela os observava nus e deitados na cama, completamente entregues um ao outro num abraço profundo diante da tristeza. Pensou que talvez tivesse o dom de ajudar as pessoas ao fazê-las sempre ficarem nuas com facilidade. A nudez une coisas improváveis e aqueles dois primos heteronormativos certamente não teriam mais momentos como esse. Reviu na mente quando levou para casa uma vendedora de flores que ficava na avenida mais movimentada da cidade. A vendedora dormiu por muitas horas. A anfitriã nada perguntou, só deixou que ela dormisse e sentada na poltrona de lei se perguntou quantas pessoas sentiam o seu vazio naquela cidade gigantesca. Depois de mais de 10 horas de sono, a moça apenas agradeceu pelo sexo não feito, pela acolhida e foi embora com a sua boa noite de descanso. Sempre que se sentava na poltrona de lei, a lei era cumprida. Se tantas pessoas eram colocadas em sua cama semanalmente, uma coisa Gabriela tinha em comum com todas elas: o vazio. Não ter Ângelo era um vazio insuportável para ela e assim trazia desconhecidos para sua casa, imaginando que eles fossem o professor. Mas o vazio tem suas vantagens, como o de fazer com que todas aquelas pessoas fossem Ângelo. De certa forma, Gabriela sabia que os casos sexuais também tinham uma paixão desconhecida, seja pela moça que vendia flores e dedicava cada uma delas a uma amiga que simplesmente desapareceu ou do rapaz que com sua embriaguez, não evitou o evitável. Agora ali no presente instante, nesse instante que durará para sempre, mas que nunca mais acontecerá, Gabriela sabe que o vazio que a consumiu durante todos estes meses a preencheu e moveu para que continuasse sua vida. O vazio estava sendo preenchido da forma mais voraz e talvez mais sofisticada possível com a pele rosada de Ângelo, com seu perfume sutil, com os pêlos finos de seus braços, com os pêlos grossos de suas partes íntimas, com o cabelo grisalho que tanto a apetece.
Beijou o professor pervertidamente e assim de prontidão Ângelo arrancou seu sutiã. Ele parou por um momento e contemplou aqueles peitos roliços e os concentrou dentro de sua boca. Os chupou como se não houvesse amanhã, talvez não há, pensou Ângelo. Gabriela sentiu o peso da boca do professor, sentiu o peso da língua e o poder que ela possuía. Quanto mais Ângelo sugava seus seios de todos os ângulos e formas possíveis, mais leve o peso do coração de Gabriela ficava. Sendo assim, mais um gozo foi inevitável. Ângelo foi subindo sua língua pelo colo e depois o pescoço da aluna, se sentiu como um garoto correndo na praia nos tempos de infância. O sol forte batia em todo seu corpo branco e minúsculo, mas a brisa do mar compensava o esforço. Quanto mais beijava Gabriela, mais leve o peso do coração de Ângelo ficava. Naquele instante era como deixar as ondas do mar baterem em seus pés, como fazia na infância nos dias de verão intermináveis. Os seios de Gabriela lembravam um tesouro resgatado na praia durante sua segunda infância. Ângelo encontrou uma caixinha com fotos envelhecidas de uma mulher e um bilhete escrito “não me esqueça, estou sempre por aqui” e assim fez. Nunca a esqueceu e guardou aquela caixinha como um tesouro, algo raro de se encontrar por ai. Sempre que revia as fotos se achava muito sortudo, mesmo com tão pouca idade, entendia o significado de cuidar de alguém, mesmo que nunca tivesse conhecido. Ficou triste por dias quando a caixinha de perdeu numa mudança de casa, mas nunca se esqueceu de olhar para cada um e entender sua singularidade.
Com o coração mais leve de um menino e com a responsabilidade de um homem em obedecer a sua mais primitiva pulsão, Ângelo penetrou em Gabriela. O penetrar foi infinito, o olhar de um para o outro durou a eternidade pela sensação de um momento tão singular. Gabriela sentiu toda a pulsão que uma mulher poderia compreender naquele momento. O pênis de Ângelo penetrou em sua existência, em seu universo, em seus pensamentos, em sua alma e em suas antepassadas. Os dois se beijavam e trepavam mais e mais, depois mais. Nada poderia ser mais gostoso que isso. Enquanto Ângelo ficava por cima de Gabriela, ele juntava seus peitos, os apertava, os acariciava, os chupava e os beijava. Ela pegava nos quadris do professor, passava as mãos em seu tórax, analisava tudo aquilo escondido pelas roupas de tom azulado que usava nas aulas. Olhava suas pernas, sua bunda, suas coxas, suas costas, seus cabelos grisalhos bagunçados que ela não teve até então a oportunidade única de contemplar. Olhava principalmente seu pênis ereto, suas partes íntimas, seus pêlos pubianos que ela tanto gostava de espiar numa fração de segundos durante as aulas quando ele levantava a camisa acidentalmente. Ali podiam ser vistos e estavam disponíveis a ela que se servia enquanto voyeur de toda a beleza que Ângelo dispunha. Ele buscou Gabriela profundamente quando ela cavalgou por cima dele, que juntando seus seios entre os braços, se soltou pulando em cima do professor. Sentia uma dor deliciosa quando o pênis dele se fixava em toda sua vagina e cavalgava ainda mais rápido pra repetir o prazer. O tesão dela era inspiração para Ângelo, que sentia loucura ao ver as risadas de Gabriela em estar por cima. Os corpos de ambos suados, que as vezes se davam as mãos, as vezes se sentiam com o toque nos cabelos, entre os beijos na boca, no corpo, nas tatuagens. O cabelo curto de Gabriela foi uma ruptura para Ângelo, como um véu que estava em seus olhos e caiu. O professor fala isso para a aluna com todo êxtase que uma trepada pode proporcionar e Gabriela tem mais um orgasmo e a redundância necessária do gozo faz com que Ângelo goze pela primeira vez. A primeira vez a gente nunca esquece e os dois certamente também não se esqueceriam. Seu gozo foi como a chegada de sua vez numa fila interminável ou talvez a chegada de um ser humano num planeta antes nunca habitado. Ele aperta os quadris de Gabriela que por cima senta gostoso pra sentir Ângelo mais fundo em sua existência. O gozo dele é fixo, é lento, é a pureza da obediência das pulsões. Tudo o que ele dizia sobre o conteúdo de maneira racional havia caído. Nada mais existia naquele momento, só a contemplação do que havia sobrado e do que viria depois de uma trepada tão gostosa.
O descanso foi breve, a telepatia entre os dois dizia que era hora de se descobrirem mais. E assim permaneceram em todas as situações e posições possíveis e beijos possíveis e horas possíveis e dias possíveis e séculos possíveis. Ângelo e Gabriela descansaram, se sentiram, se gostaram, se permitiram e se entenderam. O prédio moderno já se esquentava pela manhã e se resguardava pela noite enquanto ainda se buscavam com trepadas intermináveis, gozos incontroláveis e corações batendo suaves.
Ângelo desceu as escadas nu na busca de café e afins e ao subir apenas vestido de uma pequena xícara nas mãos, encontrou Gabriela vestida. Não estava habituado a vê-la assim até então e num súbito de tesão e saudades, tirou toda sua roupa, a pediu que transassem gostoso e assim, a cada trepada que dessem, ela poderia vestir uma peça de roupa. Gabriela acrescentou que o par de sapatos também contaria. Ao finalizarem o acordo, decidiram que agora seria a vez de Ângelo colocar uma peça de roupa a cada trepada deliciosa de dessem.
Já vestidos, pensaram que talvez o tempo pudesse dar uma brecha pra que pudessem se deliciar em outra transa e talvez mais outra. Ajeitam os travesseiros do sofá, recolhem as xícaras de café, arrumam o tapete e limpam um resquício das anotações do professor num pequeno quadro que se manchou depois de terem se pegado de pé. Apagam as luzes do espaço aos poucos, respiram com o peso mais leve do coração, mas com o aperto no peito de que talvez o amanhã não há.
Indisponíveis e disponíveis! Saem do número 500 e entram no elevador. Se olham, se pegam e talvez se apegam como se houvesse amanhã. Os dois corações seguiram em direção à saída, ele de volta a sua esposa em poesia, ela de volta a sua solidão em poesia.
Gabriela sentou-se em sua aclamada poltrona de lei, olhou a cama vazia, olhou a casa vazia, olhou a si própria vazia, pegou seu caderno ao lado e rabiscou:
“E Se? É um projeto escrito pela Roteirista Gabriela Golts, que trás a narrativa em formato de conto e curta voltado ao cotidiano de uma forma alternativa: como seria se todos os meus desejos se tornassem realidade?”